quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

DOIS POEMAS TRISTES, por Tádzio Nanan

 

a vida aconteceu
enquanto cultivava a arte
a vida aconteceu
agora, já vai caindo a tarde
e eu não sou mais eu: não sou mais todo, sou parte

a vida aconteceu
enquanto cultivava o riso
a vida aconteceu
no mais caótico improviso
e eu não sou mais eu, destarte

a vida aconteceu
               levou
               o amor que não pude dar-te

a vida aconteceu
               secou
               os mares de singrar-te
 


a vida aconteceu
enquanto cultivava flores
a vida aconteceu
agora, só vicejam as dores
e eu não sou mais eu: sou metade de um homem

a vida aconteceu
enquanto cultivava sonhos
a vida aconteceu
cerrando meus olhos tristonhos

e eu não sou mais eu, sou ontem

a vida aconteceu
               doeu
               agora a vida me consome

a vida aconteceu
               não sou mais eu
               sou o que não tem nome






*





Amanheci do meu mistério

Agora me compreendo

Não significa que me goste

Compreendo-me apenas



Não tenho nada a ensinar a ninguém

Não tenho nada a dizer a ninguém

Não tenho nada a aprender com ninguém

Não tenho nada a ouvir de ninguém



A poça é rasa

A água está parada

No limo, infestações proliferam



Eu matei a charada, que não significava nada

Eu nunca fora culpado, mas nunca serei inocente



Tudo é absurdo, vão, escuro, sujo, feio e fede insuportavelmente...



Amanheci do meu mistério

Que pena



sábado, 26 de janeiro de 2013

PARA ANA CAROLINA NANAN, AMAZONA DELICADA (e sua irmã ALESSANDRA ALENCAR), por Tádzio Nanan





Tenho uma irmã (aliás, duas) que é guerreira
As procelas da vida enfrenta-as com sorriso aberto
Não teme nada – o perigoso, o difícil, o incerto
Domando o alazão Vida como amazona altaneira

Tenho uma irmã (aliás, duas) que transborda galhardia
Em Deus, no Homem, em si mesma cultiva fé inabalável
Enquanto outros se curvam e se calam ante o indefensável
É doce promessa de um novo e resplandecente dia

Tenho uma irmã (aliás, duas) brava e valente
No turbilhão mantem-se calma, para o certeiro foco inferir
Por todas e tantas conquistas é honoris causa em existir
Enfrenta os Elementos, os maus elementos, de frente

Tenho uma irmã (aliás, duas) que transborda fortaleza
Se o chão se abre e tudo afunda, ela, como o Desperto, flutua
No palco da vida, com amor, coragem e esperança atua
Revolucionando o mundo com paixões, ideais, delicadeza


 

Do irmão, fã e discípulo, Tádzio Nanan
em 26 de janeiro de 2013