A vida dói sobre os ombros
Pesa insuportavelmente sobre os sonhos, sufocando-os
Degenerando-os em pungentes exercícios de imaginação: o que teria sido e não foi...
Também as horas desfazem nossos corpos e mentes
Tornando-os horrendas caricaturas de si mesmos...
De lágrima em lágrima a dor e a decepção corroem nossa orgânica estrutura
A fé a perdemos ante o inexplicável do caminho
A calma, a dignidade as vendemos ao mercado pela subsistência ou por 15 minutos de fama...
Entretanto (é contraditório, é paradoxal, eu sei)
Cada centelha de tempo que se apaga
Cada suspiro que nos escapa aos lábios
Cada dor secreta que violenta nossa frágil alegria
Correspondem a um ânimo, a uma vibração que se vão acumulando em nossas asas imaginárias, sim, nas descomunais e vigorosas asas que nos inventamos
E assim, quanto mais o inferno puxa-nos para suas profundezas mais o céu abre-se para nós como nossa verdadeira moradia
É um mecanismo de defesa humano...
Cada vez que a vida apunhala-nos no peito e o tempo sufoca-nos a garganta e o mundo ata-nos os membros
Simplesmente renascemos, ressurgimos maiores, melhores, mais gloriosos
Abrimos nossas asas e planamos feito águias altaneiras
Feito anjos: exatos, puros, incólumes
Mais distantes da mediocridade terrenal
E assim vencemos a dor, o cansaço, a doença
Como uma mágica de cunho filosófico, existencial; uma mágica simples e perfeita; se preferir, pode chamar de a maior alquimia humana, que transforma raiva, medo, frustração em arte, renovação, solidariedade
Quanto mais a vida quer dobrar-nos no chão
Mais alto, mais longe alçamos vôos na amplidão
É um mecanismo de defesa humano...
Tádzio Nanan
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