sexta-feira, 11 de abril de 2014

TRADUZIR-SE, por Tádzio Nanan

Ainda decifrando meu íntimo arcano 
E me consumo entre o acerto e o engano
Por trás destes olhos ardem mil solidões
Onde se costumavam sonhar revoluções

Meus sorrisos, brilhantes verdadeiros
Mas se eclipsam com a culpa dos erros

Sempre que começo as coisas terminam
O tempo e o destino as negam a mim e as minam
  
Animal feroz, mas prostrado, na cela
À procura dos beijos e abraços dela
  
Eu vivi o perfulgente mundo da certeza
Mas bruxuleou a luz que estava acessa

De través, olhares tentam capturar-me a essência
Mas tudo que eles poderão enxergar é ausência

Amiúde, tentam comunicar-se comigo; embalde
Gosto de suas companhias, mas prefiro a saudade

Escapam-lhe, às vezes, um risinho zombeteiro
Pois o que é real para mim não lhes é verdadeiro

Seus julgamentos e adjetivos já não me atingem
Vivo uma verdade que eles apenas fingem

Talvez traduzir-me signifique murchar, morrer
Meus mistérios são exércitos a me defender

Da vida ordinária, da lida do homem comum
Pois o que busco da vida é seu supra summum

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