terça-feira, 29 de julho de 2014

CORAÇÃO LOUCO, por Tádzio Nanan

Coração louco, pulsando descompassadamente, sem decifrar o que sente, coração de homem feito refém do assustado menino de outrora, o menino subjugando o homem de agora
Aventuras tamanhas, desventuras tamanhas, e um coração tão frágil, cheio de melindres, de poucas ousadias, de poucas esperanças, coração de soldado vencido, entregue às mãos do carrasco, na marcha para longos anos de esquecimento
Um coração sem rumo ou propósito, pulsando à toa, triste depósito de amarguras, duras são as horas que o coração pulsa solitário, por causa nenhuma, por ninguém, na espiral de emoções conflituosas, afogando-se nas intempéries das próprias idiossincrasias
Coração selvagem, incivilizado, companheiro das altas solidões, dos duradouros silêncios, da rústica simplicidade, coração meio de bicho, esgueirando-se, escondendo-se nas matas da selva de pedra da civilização, dividido entre o chamado da natureza e a beleza do discurso e os encantamentos da palavra
Coração selvagem, mas, contraditoriamente, melodramático também, sentimental coração latino-americano, asfixiado nas paixões clandestinas que inventa para si
Coração, meu arredio coração, ainda na ignorância de si mesmo, na escuridão que incautamente teceu para si, na escuridão e na ignorância, pulsando, pulsando descompassadamente, tão pouco coração e tanta vida!


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