Do visível para o invisível...
AMÉRICO BARREIRA, já renascido,
segundo as Leis imutáveis da Natureza, formou-se em Ciências
Jurídicas na Salamanca Clovis Bevilaqua, na Turma de 1937, ano em
que foi gerado o Estado Novo, com a promulgação duma Constituição
elaborada pela inteligência de Francisco Campos. Foi ele,
inquestionavelmente, uma figura humana SINGULAR. Diplomado numa Turma
que qualificou Wilson Gonçalves, Flávio Marcílio e Fran Martins,
entre outras expressões do nosso mundo político, poderia, face à
sua inteligência, ter feito concurso para seguir a Magistratura, o
Ministério Público, ou a Advocacia, mas, não o fez, acreditamos,
para ser fiel à sua personalidade singularíssima. Filiar-se, como o
fez, ao Marxismo, logo ele um espírito aberto aos sacros mandamentos
da Revolução Francesa, foi o primeiro sinal de sua heterodoxia.
Rebelde contra a ordem burguesa constituída, mas sem muros e sem
fogueiras que impedissem o diálogo e a tolerância.
Seguimos caminhos ideológicos diversos
e opostos, mas protegidos pela honestidade de nossos propósitos de
“salvar” o Brasil, cada um a seu modo. Ao fundar, em 1951, a
“Revista dos Municípios do Ceará”, sem me consultar, lá estava
no expediente: Diretores Américo Barreira e Lauro Maciel Severiano.
O Municipalismo, ao qual me agregei também, foi a sua devoção mais
fervorosa e como fio de Ariadne o conduziu a todos os recantos e
Congressos, sem tropeços e sem incoerência, procurando, através
daquele movimento nacional de renovação dos costumes e praxes
administrativas, realizar os seus ideais de renovação social e
política do País.
O Municipalismo foi a porta aberta para
sua fervura ideológica, e chave para abrir outras portas com a
sedução do seu talento verbal.
Com estas toscas lembranças rendo a
minha homenagem ao velho companheiro da adolescência, saudades da
Pensão Felix, de Baturité, nosso ninho comum, onde iniciamos ou
continuamos o misterioso jogo da Amizade...
Fortaleza, primeiro de Agosto de 1994
Lauro Maciel Severiano
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