terça-feira, 29 de dezembro de 2015

OS OUTROS, EU; por tádzio nanan


Alguns vão embora pra longe; eu fui embora pra dentro.
Alguns caem no precipício; eu caio pra cima, pro céu, pras nuvens, pro infinito.
Alguns vivem 50 anos em 5; “meu tempo é quando”: quando eu quiser, der vontade, for de verdade...
Alguns fogem para não se encontrar; os outros me encontraram antes que eu o fizesse.
A maioria prefere viver anestesiada (de religião, dinheiro, drogas...); eu escolhi conviver -e evoluir- com a dor.
A maioria prefere viver sendo adestrada; eu mergulhei no caos para descobrir o novo.
A maioria vive do corpo pra fora; eu vivo da alma pra dentro.
Alguns fingem se preocupar com todo mundo, mas só se preocupam consigo mesmos; minhas únicas preocupações são com o futuro e o nascituro.
Alguns anseiam por encontrar Jesus depois de mortos; depois de morto, vou me separar dele.
Alguns amanhecem, outros anoitecem; eu sou a vigésima quinta hora.
Alguns chovem, outros ardem; eu sou a quinta estação.

*

(para rir. ao menos, tente)
Alguns superam mil obstáculos; eu sequer superei o trauma do meu nascimento...
Alguns vão voando para o futuro; um de meus avoengos foi Ícaro...
Alguns estão famintos, outros já nascem saciados; eu estou de regime...
A maioria se acha o centro do universo; eu sequer acho o meu centro...
Alguns vivem no limite; estar vivendo é o meu limite...
Alguns partem pra cima da vida; eu entro em clinche...
Alguns são o sal da terra, a luz do mundo; eu sou o mal-estar na civilização...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ORAÇÃO PARA 2016, por tádzio nanan

A TODOS OS NAVEGANTES QUE APORTARAM NESTE SÍTIO DE POESIA E PENSAMENTO, INTENCIONAL OU ACIDENTALMENTE, MEUS VOTOS DE FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!

*Inspirado na Oração de São Francisco


"Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz..."
Fazei de minhas escolhas exemplo de compromisso com a coletividade humana e o futuro;
Fazei de minhas ações elogio à justiça, à sensatez, ao entendimento entre os homens;
Fazei de meu existir viva e pulsante oração às sagradas forças do mundo – Deus, Natureza, o Espírito do Tempo, o Eu Profundo de cada um de nós;
Fazei de minha inteligência instrumento a serviço da verdade;
Fazei de minha força – corpórea, intelectual, espiritual, potentes raios de luz no combate à mentira e à opressão;
Fazei de meu coração o templo sagrado de meus amores e amigos, disponível também a quem mais precisar de diálogo e ajuda;
Fazei de meus passos um novo alvorecer, o transparecer de novos caminhos, a nos afastar das sendas do ódio e da intolerância;
Fazei de meus braços refúgio para os que sofrem e são perseguidos;
Fazei de minhas palavras chuva fertilizando os corações mais áridos, para que neles volte a brotar a generosidade;
Fazei-me sábio para entender que minhas verdades não são verdades universais. Estas dizem respeito ao conjunto dos homens, à totalidade de afetos, ideias e ideais humanos.

"Ó MESTRE, FAZEI..."
Que eu não espere o dia em que o mundo acordará pacificado: que eu seja o agente e guardião da paz no mundo;
Que eu me disponha a amar e compreender, antes de exigir amor e compreensão; que eu ame o diferente de mim e compreenda o que se imagina estranho;
Que eu não espere forças outras intervirem em minha vida: que eu mesmo seja a força benéfica intervindo na minha vida e na vida do meu semelhante;
Que eu não espere o perdão: que eu o ofereça, o dissemine, o ensine; 
Que eu não espere tanto dos outros ou da vida e sim de mim mesmo - eu posso me transformar, transformar os outros, transformar a vida para melhor;
Que eu enfrente antes de me resignar;
Que eu aja antes de reclamar;
Que eu ofereça antes de pedir;
Que eu aprenda a sentir amor antes de o exigir;
Que eu me coloque no lugar do outro, antes de julgá-lo;
Que eu peça o bem para toda a gente, antes de pedi-lo para mim e para os meus;
Que eu me associe ao inadiável trabalho de construir e preservar o MELHOR DO MUNDO! 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

MELHORES FILMES VISTOS EM 2015, por tádzio nanan

Whiplash
O Hobbit III
Nebraska
Birdman 
Livre
Foxcatcher
Sniper americano
A teoria de tudo
Os miseráveis (2012)
Boyhood
Relatos selvagens
Anna Karenina (2012)
Kingsman – o serviço secreto
Timbuktu
Deixa ela entrar
Somos o que somos
O massacre da serra elétrica (1974)
Êxodo: deuses e reis
Contatos imediatos do terceiro grau
A dança dos vampiros
Ano passado em Marienbad
Leviatã
Pat Garret e Billy the kid
A palavra
O ano mais violento
Vício inerente
Uma viagem extraordinária
Mad Max – estrada da fúria
O mercador de Veneza
O mágico de Oz
Monty Python em busca do cálice sagrado
A noviça rebelde
Dois dias, uma noite
Selma
A tortura do medo
Quem tem medo de Virgínia Woolf?
Monty Python – a vida de Brian
Para sempre Alice
Que horas ela volta?
O que terá acontecido a Baby Jane?
Missão impossível: nação secreta
O jogo da imitação
O abutre
Broadway Danny Rose
Memórias
Bata antes de entrar
Divertida Mente
Os reis do iê, iê, iê
Paisà
Alemanha, ano zero

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

NO ANIVERSÁRIO DE 99 ANOS DE LAÍS AYRES BARREIRA, UMA SINGELA HOMENAGEM; por tádzio nanan

Uma vida iluminada, sonhada e vivida imensamente.
Alegria de viver, compartilhar, aprender e ensinar.
Laís é a prova cabal de como é bom e faz bem amar
A vida, as pessoas, e sonhar, sonhar incansavelmente.

Uma vida cujo fulcro é a firmeza de caráter, a inteligência;
A capacidade de superar obstáculos, de eticamente resistir;
De chorar seu quinhão de lágrimas, mas logo voltar a sorrir;
Rir do passar do tempo, da adversidade, da prepotência.

Uma vida tornada indispensável pela generosidade.
Seu coração é santuário a acolher toda a gente.
Seu exemplo de retidão e de luta é esperançosa semente
De novos tempos, de mais justiça e amorosidade.

Laís, 99 anos de desafios corajosamente vencidos;
99 anos de caminhos ladrilhados com sabedoria;
99 anos fazendo de cada instante uma alegria,
Um elogio à vida, a ideais cobardemente esquecidos.

Um dia, Laís há de virar passarinho, virar flor;
Há de virar ditado popular: alegre como a Laís;
Há de virar sinônimo de bondade, e divinal raiz
De singularíssima árvore cujo fruto é o amor!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

A VIDA É MESMO ASSIM..., por tádzio nanan


A vida é mesmo assim, insuficiente. Limites, constrangimentos, restrições. Dia após dia, mais do mesmo. O silêncio acovardado. O óbvio acostumado. O exaustivo recorrente!

A vida é mesmo assim, ilógica. E quanto mais razão pomos nas coisas, quanto mais racionalizamos a vida, algo se perde no caminho, se evapora - talvez o próprio sentido das coisas, o próprio sentido da vida... - e apenas mais absurda, perigosa e insustentável ela fica!

A vida é mesmo assim, escassa. A glória, a plenitude são para escolhidos. Para o resto de nós o destino nada traz, nada oferece, a nada orienta. E de nada em nada, inútil e baldadamente, a vida passa!

A vida é mesmo assim, irrazoável. Sua teia tece tal complexa trama, que a vida que levamos nos parece dia a dia mais estranha, alienante, insuportável!

A vida é mesmo assim, incompleta. Mesmo que alguém lhe jure, não acredite: ninguém nunca entornou a taça da vida repleta!

A vida é mesmo assim, incoerente. Pegue o caso das nossas sociedades, elas civilizam ou barbarizam? Tantas escolhas ao alcance das mãos, muita coisa pra comer, pra vestir, para se ter, se entreter, mas são sociedades de fundamentos frágeis, valores mesquinhos, escolhas estéreis! O essencial da vida - nossa faculdade de sonhar e compartilhar, de nos socorrer e amar - ninguém viu, ninguém vê, posto que ausente!

A vida é mesmo assim, insípida. Você segue a correnteza, acomoda-se às conveniências, se ajoelha ao status quo, ao establishment, se vende, se cala... Mas, será isto viver, será isto o homem, será isto a vida?

A vida é mesmo assim, contraditória. O justo e o injusto, a paz e a guerra, o bem e o mal. Tantos dilemas nos levando para junto do caos e para longe da glória!

A vida é mesmo assim, imperfeita. Por mais que tentemos melhorar, esforçadamente, nem tudo se aprimora, nem tudo chega a bom termo, nem tudo se apruma, se ajeita!

A vida é mesmo assim, pequena. Falta sempre alguma coisa. E se nos motivamos a procurá-la, ela, escorregadia, escapa-nos por entre os dedos. Sempre passando vontade, num eterno estado de necessidade. Se já conquistamos, perdemos. Se já sabíamos, esquecemos... Até o dia - penumbroso ou aliviante? - que saímos de cena!

sábado, 28 de novembro de 2015

OS OUTROS, por tádzio nanan


O extraordinário da vida é a diversidade,
De raça, credo, ideais, comportamento
Amar o outro, o mais nobre sentimento
A maior inteligência, acolher a alteridade

O outro é tão lindo que me nasce a vontade
De ser como ele, de ser ele, por um momento
Viver sua vida, compreender seu pensamento
Ser eu de novo, mas ter-lhe eterna amizade

Para nós humanos, a diversidade é divina dádiva
Por causa dela, somos mais prósperos e resilientes
Mais aptos a superar o óbice, a resistir à lágrima

Rico é o mundo porque espelho de variadas gentes
Mira o exemplo: amar o próximo, mesmo o imigo amar
Fazer do estranho, um irmão; do mundo inteiro, um lar!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

MEU PRIMEIRO AMOR..., por tádzio nanan


Meu primeiro amor hoje Deus a levou consigo
Há tempos não a via, mas nunca a esqueci
Um amor tão profundo, outra vez não senti
Levarei lembranças dela eternamente comigo

O mal se alastrando e nos privar de tanta meiguice!
Saudade de seu olhar afetuoso e seu coração gentil
Vou prantear por ela a cada triste final de abril,
Relembrar as juras de amor que, apaixonado, lhe disse

Incompreensivelmente injusta a vida é
O destino é mesmo um déspota impiedoso
Mas nem por isso vou abjurar minha fé

O sentido triunfará sobre o caos trevoso
Deus falará a cada tragédia que nos abater
E entre as sombras, o caminho vai aparecer

sábado, 21 de novembro de 2015

COTIDIANO, por tádzio nanan


Cotidianamente cercado pela má-fé; mais grave ainda: pela mentira. Mas sempre estarei protegido contra as maquinações dos Iagos e dos Macbeths com o mágico escudo da minha lira! 

Cotidianamente acossado pelo desejo; mais grave ainda: pela avidez. Quero tudo, e quero pra ontem; um insaciável Alexandre, condenado a sempre repetir o mesmo intento: conquistar, possuir, desfrutar, destruir. E começar tudo outra vez!

Cotidianamente tentado pelo diabo; mais grave ainda: pelo ego. Tenho me fartado de mim, me intoxicado de mim, me embriagado de mim; me tragado, me injetado, me fumado; de mim mesmo apenas tenho me cercado, delirante e cego!

Cotidianamente castigado pela apatia; mais grave ainda: pela descrença. Meu ideal foi vencido pelos fatos, meu amor trocado por dinheiro, meu corpo se atrofia, não sinto esperança ou alegria, e há tempos minha existência jaz suspensa!

Cotidianamente sufocado por exigências; mais grave ainda: por (pre)julgamentos. Mas tenha sempre em mente, sonhático poetinha, que a roda da fortuna gira, gira; tudo, tudo são voláteis momentos. As circunstâncias da vida mudam, pois muda a direção dos ventos!

Cotidianamente aviltado pelo desvio; mais grave ainda: pelo despudor. Estou me tornando cínico, perdendo a inteligência de acreditar, a coragem de agir, a força de enfrentar; me acostumei com as contradições do mundo e cumplicemente aceitei o horror!

Cotidianamente assolado pela tristeza; mais grave ainda: pela depressão. No fundo do poço vemos murchar nossos sentidos, nossa ambição; nossa capacidade de lutar, de querer; nossa faculdade de sonhar, de empreender; deixamos de mirar o céu e fixamos o olhar no chão!

Cotidianamente atado a certezas de conveniência; mais grave ainda: ao preconceito. Cobardemente, abandonei a dúvida metódica, o pesar e ponderar os argumentos, os crivos da razão, da inteligência, para não contraditar, para não me rebelar, para ser benquisto e aceito!

sábado, 14 de novembro de 2015

SALTO QUÂNTICO, por tádzio nanan


A civilização humana logo cruzará o umbral da infinidade.
O arcano do conhecimento está em via de ser decifrado.
Quando isto acontecer, tudo o que somos será superado,
Devidamente esquecido nu´mar de completitude, totalidade!

Mulheres e homens continuarão sua evolutiva jornada.
Um dia, acordaremos deuses, livres da escassez e ignorância.
Suprimiremos a dor, o desespero, toda e qualquer ânsia.
Na perfeição deífica, gargalharemos da morte e do nada!

Hoje, acordei enxergando muito mais longe e claramente.
Minha consciência despertou de seu sono abissal, profundo.
Agora, cravo o olhar muito além do véu que encobre o mundo.
Não me deixo mais enganar por aquilo que é só aparente!

Abertas, as portas da percepção aguçaram minha sensibilidade.
As antenas do artista não cessam jamais de captar o futuro.
Eu vejo, enquanto os demais permanecem cegos, no escuro.
Mergulho na essência das coisas e me confundo à verdade!

sábado, 7 de novembro de 2015

ENVELHECER CRIANÇA!, por tádzio nanan


Eternamente, em vida, permanecer criança!
Quero crer nas pessoas e que tudo ficará bem;
Quero amar todo mundo e não odiar ninguém;
Semear fraternidade até onde a vista alcança!

Ano após ano, desejo envelhecer menino!
Rebelde e aventureiro, sonhador e curioso;
Todo dia, inventar um mundo maravilhoso,
Onde tudo é possível, do qual sou paladino!

Heroicamente, resistir às tentações mundanas;
Pleno, cabal, escapar às contradições humanas;
Abraçar o ideal da liberdade, sonhando e arriscando...

Tudo o que conseguir imaginar, vou querer ser!
Ser vários, diversos, mil! Ser, muito além de ter!
E amar desinteressadamente, só para estar amando!

domingo, 1 de novembro de 2015

E ASSIM PERMANECERÁ..., por Tádzio Nanan


O mistério de cada um permanecerá irresolvido.
Da noite viemos, na noite tudo será esquecido!

O segredo de cada alma permanecerá irrevelado.
É tanta confusão - contradições tamanhas, que até Deus o quer bem guardado!

O motivo de cada ódio permanecerá incompreendido.
Só quem sabe do ódio é quem o inventou e que dele se tem nutrido!

O quebra-cabeça de cada vida permanecerá desmontado.
Não há qualquer narrativa que lhe possa dar cabal significado!

O enigma de cada corpo permanecerá insentido.
O corpo: nas labaredas do ódio e do amor consumido!

O sentido de cada vida permanecerá indecifrado.
A vida que, tantas vezes, parece projeto malogrado!

O querer de cada coração permanecerá desconhecido.
Tanto amor encerrado entre as grades do medo, sem ser jamais exaurido!

O desengano de cada lágrima permanecerá encoberto.
Ah, esta inútil peregrinação neste infindável deserto...

A dúvida de cada alma permanecerá ressoando:
Estamos vivendo, de fato, ou apenas sonhando?

domingo, 18 de outubro de 2015

VIDA - INSIGNIFICÂNCIA E RARIDADE, por Tádzio Nanan

A vida? Ideia fraudulenta; coisa reles, insignificante.
Aterrorizante balé de sombras fugidias, atormentadas.
Desejo e necessidade: as condições que nos foram dadas.
E a sete palmos do chão, tudo estará perdido, adiante...

A vida? Compilação de baldados esforços, coleção de nadas:
Nada de significado, propósito, progresso... Um nada gigante!
O logro da divindade, nossa existencial solidão, a dor sufocante...
Nossas crenças mais caras nos conduzem a direções erradas!

A vida é tão rara, é mística, lúdica, mágica; fruto inaudito
Da evolução da matéria nos tenebrosos vãos do infinito.
Improbabilidades que se conjugam num equilíbrio delicado...

O sentido suplantando o absurdo, a treva amanhecendo luz;
O homem inventando a existência, a história, o ideal da Cruz;
Inventando também a felicidade - sonho ainda aguardado!





sábado, 10 de outubro de 2015

ACREDITAR, por Tádzio Nanan

Começo a acreditar que posso, sim, fazer a diferença!
Hoje, consigo dizer: eu sou! Tornei-me o que almejava ser!
Entendo, agora, que vim ao mundo para ajudar a esclarecer
E fortemente combater o mal furtivo da descrença!

Começo a acreditar que já possuo a coragem que é preciso ter
Para me contrapor ao obscurantismo de toda medieval crença
E recrutar tropas para enfrentar o niilismo, a espiritual doença.
Com meu exemplo de força e fé também outros haverão de crer!

Acredite também: as brumas vão se dissipar e as luzes voltarão;
Seu cor vai pulsar mais forte, o mundo vai seguir outra rotação;
Tudo conspirará a seu favor: seu corpo, sua alma, sua mente!

Brilha, em seus sonhos, a mágica verdade de que você necessita;
Descerre suas asas, levante voo, vá conquistar a amplidão infinita;
Saiba que você pode, e o mundo o aguarda; de pé, para a frente!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

JOGO SUJO, por Tádzio Nanan

É uma guerra total, embora silenciosa, embora latente.
Todos contra todos, jogando um xadrez nefasto, insidioso.
A meta: galgar posições, ainda que inescrupulosamente.
Quem fraquejar toma o golpe: rápido, certeiro, impiedoso!

Calcular as utilidades: este me pode ser útil, aquele já era...
A regra é achar atalhos para o sucesso, o dinheiro, o poder.
Dia após dia, banqueteamos nossa íntima e insaciável fera,
Até voltarmos à selva, onde só o mais forte há de sobreviver!

Lucrar é a Lei, é a Verdade; atiramos a civilização no atoleiro:
Jogos de interesse; o toma lá, dá cá; a fogueira das vaidades...
Este jogo sórdido só nos trouxe e só nos trará mais desespero!

Os atuais Dez Mandamentos são as mais tóxicas veleidades:
Cultuar a si mesmo, sobrepujar o outro, ostentar, segregar...
Semear diferenças, até que nós já não consigamos amar!

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

HUMANAE VITAE, por Tádzio Nanan


S
ES
SES
NSES
ENSES
CENSES
RCENSES
IRCENSES
CIRCENSES
_CIRCENSES
T CIRCENSES
ET CIRCENSES
_ET CIRCENSES
M ET CIRCENSES
EM ET CIRCENSES
NEM ET CIRCENSES
ANEM ET CIRCENSES
PANEM ET CIRCENSES
 

                                              S
                                           US
                                        MUS
                                     UMUS
                                   SUMUS
                                 _SUMUS
                               A SUMUS
                            RA SUMUS
                         BRA SUMUS
                      MBRA SUMUS
                   UMBRA SUMUS
                 _UMBRA SUMUS
                T UMBRA SUMUS
              ET UMBRA SUMUS
            _ET UMBRA SUMUS
           S ET UMBRA SUMUS
          IS ET UMBRA SUMUS
       VIS ET UMBRA SUMUS
     LVIS ET UMBRA SUMUS
  ULVIS ET UMBRA SUMUS
PULVIS ET UMBRA SUMUS


M
UM
LUM
LLUM
ELLUM
BELLUM
_BELLUM
A BELLUM
RA BELLUM
ARA BELLUM
PARA BELLUM
_PARA BELLUM
, PARA BELLUM
M, PARA BELLUM
EM, PARA BELLUM
CEM, PARA BELLUM
ACEM, PARA BELLUM
PACEM, PARA BELLUM
_PACEM, PARA BELLUM
S PACEM, PARA BELLUM
IS PACEM, PARA BELLUM
VIS PACEM, PARA BELLUM
_VIS PACEM, PARA BELLUM
I VIS PACEM, PARA BELLUM
SI VIS PACEM, PARA BELLUM

terça-feira, 22 de setembro de 2015

EXPRESSAR, por Tádzio Nanan

Expressar o mundo interior e os mundos além-fronteiras; expressar o eu e o tu, o nós e o eles; expressar o que sei de mim e o que se souber deles

Expressar o masculino, o feminino, e tudo que oscilar entre; afinal, somos todos tudo e um só, somos irmãos, fruto do mesmo místico ventre


Expressar a contradição de ser: o pranto e o riso, a escassez e o excesso, o desespero e a esperança, o instante e o infinito; expressá-los criando arte, criando deus(es), criando filhos...

Ou repercutindo o grito

Expressar tudo o que for da vida, antes de a chama apagar; expressar a rua e o lar, o cá e o acolá, o vácuo e o ar, expressar o ódio e expressar o amar


Expressar o permanente e o passageiro, o voo e o desfiladeiro, a águia e o formigueiro, o ilusório e o verdadeiro; expressar o covarde que em nós se esconde, e expressar o guerreiro


Expressar a lucidez, o sentido, a razão, e expressar o frenesi, a quimera, a loucura; expressar ideias preconcebidas e o senso comum, e expressar o conhecimento, a ilustração, a cultura


Expressar intolerância contra os intolerantes, expressar a força àqueles que só entendem a brutalidade, expressar desprezo àqueles que desprezam seu semelhante; expressar o que há de diferença com quem nos é próximo e o que há de intimidade com quem nos é distante


Expressar o ser parte de um todo, e expressar nossa existencial solidão; expressar o irreversível caminho da humanidade à onisciência, e expressar nossa particular confusão


Expressar o impossível, o indizível, o invisível; expressá-los de forma genial ou risível; de forma delirante ou crível; de forma lógica ou incompreensível


Expressar o que é só nosso e o que é de todo mundo; expressar o que é de Deus e o que é do homem; antes que os inimigos a palavra nos tomem


Expressar o que vai por trás das portas, o que vai por trás dos gestos, dos olhares, das palavras, o que vai por trás das boas maneiras; expressar o chamado da selva, a fera tentando sair: indócil, íntima e mortal companheira


Expressar o que intui o coração, o que irrompe na alma, o que desafia a mente; expressar o que a gente sonha, o que a gente sabe, o que a gente sente

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

FÉ. ESPERANÇA. CORAGEM. PACIÊNCIA., por Tádzio Nanan


Sempre resguardado pela infindável luz de Nosso Senhor!
Até mergulhar na fé, percorri estéril e nebuloso caminho.
Agora, ainda que atravessando desertos, não me sinto sozinho:
Compartilho cada glorioso instante de vida com o Salvador!

Renascido na luz, não me perco ou me desespero como outrora!
Minha alma revigorou-se, incorporou a força dos elementos.
Interpreto os sinais da natureza e sigo na direção dos ventos.
Não sou mais escravo do medo: imagino e faço minha hora!

A luta assídua é o mais sublime e essencial propósito da vida!
Não importa o tamanho do obstáculo, mas a medida da nossa convicção!
Os homens cruzaram terras, mares e céus quando assumiram tal determinação!
Inventar novos mundos e eras com sonho, coragem e incessante lida!

Nem antes, nem depois, as coisas serão quando tiverem de ser!
Suor e renúncia, desejo e aspiração, impõem-se, nesse instante.
Deus abençoando, e os homens trabalhando juntos, consoante
O desígnio de semear a paz e a virtude e vê-las brotar e crescer!

domingo, 6 de setembro de 2015

RENÚNCIA, por Tádzio Nanan

Vida, não me convoque pra guerras ou farras, eu não vou.
Nem me tente comprar com poder ou dinheiro, eu não quero.
Meu único sonho, imortal, derradeiro, o que anseio e espero
É dos grilhões um dia escapar e tornar-me aquilo o que sou!

Sem drama, renuncio a ti, mundo, à tuas mesquinhas ilusões.
Por qual motivo participaria deste teu jogo sórdido, irracional?
Contraditoriamente, a civilização apela à nossa porção animal:
Vaidade, cobiça, ira corrompem-nos com abjetas pretensões...

Os beija-flores alegremente exibem-se à minha janela.
Vou às lágrimas com uma letra do Chico e uma melodia do Tom.
Ser feliz na simplicidade é um trunfo, é um triunfo, é um dom.
E esse reconfortante amor que emana do coração dela!

Intuo um poema, no violão componho uma harmonia.
A vida pode ser inefável se a gente cultivar o que há de raro.
Os tortuosos caminhos mundanos... Mas o bom caminho está claro
Para quem desejar colher a mais doce e perpétua alegria!


domingo, 30 de agosto de 2015

INTERPRETAÇÕES, por Tádzio Nanan

O inelutável destino, o inescrutável acaso, a vontade divina...
Ao fim e ao cabo, tanto faz: as coisas são o que as coisas são.
A força motriz da vida, qualquer que ela seja, age à surdina
E de nada adianta praguejar ou entoar suplicante oração!

Sorrateiro, o inelutável destino trança sua fatídica teia.
Quando percebemos a armadilha, já estamos enleados.
Nela cai o caridoso e o ímpio, o que ama e o que odeia.
A moral fica alheia; os planos foram previamente traçados...

Furioso golpe, o inescrutável acaso desaba sobre nossas vidas.
Um formigueiro humano... E em nós justamente ele põe o olhar!
Imprevisíveis reações em cadeia, imponderáveis idas e vindas...
Saímos pro mundo, cheios de sonhos, mas sonhos se desmancham no ar...

A vontade divina, claro, é a interpretação que satisfaz à maioria.
É consolador crer que seremos recompensados no além-mundo
Por todo o sofrimento do dia a dia, por toda essa dor, essa agonia...
Deus faz recomeço do fim, faz da vida algo sublime e profundo!

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

UM POETA, por Tádzio Nanan


Um poeta respirando a palavra, nutrindo-se da linguagem, habitando o sentido, paramentado de figuras de estilo e argumentos. Ousar a poesia é o sonho que ele corajosamente inventou para si. Escrever é seu heroico ato de resistência; é sua declaração de amor à vida, ao mundo; é sua irreprimível forma de existir.


Um poeta cantando todas as nuances da existência,  a luz, a treva, os opostos do mundo, às vezes, com versos singelos de fazer rir, outras vezes, com pungentes versos de machucar o coração, mas sempre com versos de transbordante verdade (a sua particular verdade), para que acusem seu texto de tudo -superficial? medíocre?- mas nunca de tíbio, morno, sem intensidade.


Um poeta investigando temas abissais, singrando mares quase nunca desbravados, a bordo da mística nau da intuição; ele não escreve porque sabe: é na construção do poema que a luz acontece, quando a esfera do extrassensorial abre suas portas e a alma do poeta se ilumina e pesca a exata palavra, o profundo sentido, e o mundo se descortina como revelação.


Um poeta versejando sua dor para que ela floresça em canteiros de arte e beleza; para que o homem que habita o poeta prossiga esperanças cultivando; ele pode morrer mil vezes (estas nossas mortes cotidianas...), mas sempre renasce, e renasce sonhando; dissolva o caos, horrorize a guerra, nada lhe amedronta ou o faz recuar se no solo uma flor resistir brotando.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

SEPARAÇÃO, por Tádzio Nanan

As primeiras folhas do nosso amor já se desprendem...
É o ciclo natural do tempo, da vida, dos sentimentos;
Fomos felizes juntos, eternizamos tantos momentos;
Mas contrariados, nossos corações já não se entendem!

Cá estamos para cumprir o roteiro do incontrastável destino...
As horas passam, e os sentimentos se exaurem, envelhecem.
As engrenagens do tempo não cessam; quantas mudanças tecem!
Aceitar isso sabiamente para não cometer nenhum desatino!

Separar-se é uma imposição da própria dinâmica da vida.
As pessoas mudam; maltratam a rotina e a convivência.
Críticas e desconfianças corroem a romântica experiência.
A história mais antiga do mundo, também a mais repetida...

As folhas do nosso amor começam a cair, melancolicamente...
Parto antes da procela, para conservarmos as boas lembranças;
Para não deixar o rancor aniquilar nosso riso, nossas esperanças...
De um amor tão terno à ojeriza que se apossou da gente!

sábado, 8 de agosto de 2015

CORAGEM!, por Tádzio Nanan

Existir dói. E não há contra isso qualquer elixir ou panaceia.
A confusão dos sentidos, dos sentimentos; as angústias existenciais...
Nossos conflitos internos, o interminável conflito com os demais;
Vicissitude, medo, fracasso, tudo parte da humana epopeia!

O sofrimento é parcela necessária -e fundamental- do existir.
Dói ir descobrindo a nós mesmos, construir nossa identidade;
Dói renunciar à vida, ao amor pela imortal causa da liberdade;
A vida maltrata, naturalmente; mas é nossa obrigação resistir!

Da árvore da vida, a coragem é o fruto imprescindível.
Sem ela, o instante é vão, a vida murcha, o sonho fenece;
O mundo esquece a gente, a gente do mundo se esquece;
Os dias não trazem nada, a treva cai de forma irreversível!

A coragem é ponte para o futuro; é imperiosa urgência.
Só ela pode transformar em realidade aquilo que é virtual;
Só ela é capaz de sonhar e lutar por um mundo ideal;
Superando, dia após dia, a escassez da nossa existência!

domingo, 2 de agosto de 2015

IRRESISTÍVEL, por Tádzio Nanan

Entre nós, meu amor, tanta crueldade e preconceito...
Mas não ajoelho ante o ódio deles, não vão me dobrar!
Se Deus encarnou na Terra para nos ensinar a amar,
Qualquer pregação em contrário, eu não aceito!

Entre nós, meu amor, tanta mesquinharia e ignorância...
Com argumentos infames, propagam inverdades sobre nós!
Cruzados em armas nas hostes de um deus iracundo e atroz!
Mas seus argumentos estão destinados à irrelevância!

Entre nós, meu amor, tantos muros, tantas grades...
Constroem masmorras para impedir nossos encontros apaixonados!
Que mundo é esse que faz amantes serem crucificados
Em nome de falsos profetas e suas pseudoverdades?!

Entre nós, meu amor, o abismo da lei insensível...
Os fanáticos creem poder criminalizar o amor!
E, assim, sufocar a paixão e conter nosso ardor;
Mas a gravidade que rege os corpos é irresistível!

terça-feira, 14 de julho de 2015

INVENTAR, por Tádzio Nanan


Inventar a vida, com intrepidez e criatividade
Para aliviar o peso do passar das horas na consciência.
Inventar a verdade com as mentiras da religião, da ciência,
Para a dúvida não nos furtar a tranquilidade.

Inventar deus, na aflitiva busca por sentido,
Para que tudo seja explicado, e o caos aplacado.
Inventar cristo, inventar o amor, inventar o cuidado
Para o coração selvagem chorar, condoído.

Inventar o livre-arbítrio para se destacar à natureza:
O sonho da autodeterminação, da vontade soberana.
Inventar a razão para se opor à percepção que engana;
Para que a chama do progresso continue acesa.

Inventar a utopia para alimentar a crença no futuro,
Para manter os homens unidos pelo ideal da salvação.
Inventar a paz para conflitos que nunca terão solução;
Inventar a sabedoria para se opor ao nosso lado escuro.

Inventar a civilização para que um por cento de nós enriqueça.
Inventar a normalidade para a maioria sossegadamente oprimir.
Inventar a felicidade pra gente casar, ter filho, laborar, consumir.
Inventar a esperança para que o desespero jamais prevaleça.

domingo, 5 de julho de 2015

ANTAGONISMOS(?), por Tádzio Nanan


O sonho alimenta a alma; com as cores da esperança pincela o futuro. O braço alimenta o corpo; de sol a sol, edifica o presente.
A razão segue decifrando o sentido das coisas. Já a emoção inventa outros sentidos: Deus, utopia, felicidade, arte, superação; ideias que nos mantêm ativos e resilientes.
O sábio em mim -estranhamente- não quer traduzir o Mistério, quer suavemente deslizar em suas ondas; o tolo em mim, ingênuo passageiro das horas, andarilho sem destino, anseia o riso fácil, a conversa despretensiosa, o existir sem regras ou resultados; não quer saber do Mistério: quer cama e mesa.
O instinto recorda-me de meus pressupostos biológicos, do sistema operacional que faz rodar minha máquina orgânica; já a cultura em mim é o refinamento do projeto humano, imaginado por nosso coração oceânico e nossa inteligência infatigável.
O ego em mim sou eu centro do universo, alienado em minha dor e alegria, concentrando tudo em si: black hole sentimental e pensante. O desapego em mim é a gente do mundo pulsando em meu peito, povoando minha mente; é o Nazareno a convocar-me para a revolucionária missão do Amor.
O corpo: ponte e abismo; encontro e saudade. A alma: sonho(vão?) de perfeição moral na Terra e bem-aventurança no Céu.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

O MELHOR DO MUNDO, por Tádzio Nanan

A paz é a construção social mais desejada
Para os filhos da Terra: justiça e oportunidade
Que as diferenças se coadunem numa unidade
E com ética prossigamos nossa jornada

A beleza cativa a alma, encanta o coração:
O pensamento, a natureza, a arte, o amor...
Vencer na vida ou enfrentá-la como for...
O silêncio impávido, a mais sentida oração...

A bondade presta vital socorro ao semelhante
Intimorata, ergue-se para defender o oprimido
Só descansa quando o mal já definhou esquecido
E o infortúnio fica um pouco mais distante

O sonho da experiência pessoal é a sabedoria
A boa vida, a saúde, o discernimento, a temperança...
Ir envelhecendo com a fé e a alegria de uma criança...
Alçados à outra esfera, fruir plenamente o dia

sábado, 20 de junho de 2015

SENSAÇÕES, por Tádzio Nanan


Revolto mar de sensações: o retrato da vida!
Volúveis sensações, que irrompem e desaparecem;
Que nos confundem, atordoam, enlouquecem;
E trazem à tona toda sorte de dor esquecida!

Sob o jugo das sensações vive o humano!
É, a cada dia, por novas impressões provocado;
É, por uma vasta gama de emoções, assaltado;
E mal diferencia a realidade do engano!


Governado por sensações conflitantes,
Debato-me como peixe fora d´água e fico sozinho;
Afasto-me do antigo e promissor caminho;
Não sou nem sombra do que era antes!

Sensações enchendo, transbordando a inteligência...
A cada instante, vejo tudo sob um diferente prisma!
A cada instante, uma nova revolução, um novo cisma!
A cada instante, um brinde oferecido à incoerência...

Sensações enchendo, transbordando o coração...
É tão urgente e tão difícil traduzir o que se sente!
É tanto amor e tanto ódio atravessando a gente!
Almas cativas da sentimental confusão...

quinta-feira, 11 de junho de 2015

SUCCUBUS, por Tádzio Nanan

Esta mulher quem é que me assedia em visões?
Ela existe, é real, ou delírio da minha mente?
Será minha amada imortal ou maligno ente
Que através dos tempos sorve a força vital dos varões?

É imagem fixa aonde quer que pouse os olhares.
Sinto sua corporeidade se materializando no ar.
É também as sombras que se infiltram em meu lar.
Demônio implacável, sempre em meus calcanhares!

Irresistível, resplandece no horizonte do meu desejo.
Vem faminta, determinada a alcançar seu objetivo:
Roubar-me o entusiasmo, o elã que me faz vivo;
Despedaçar meu coração, cravar-me seu fatal beijo!

Alta madrugada, sai da treva, e me devora, consome.
Vou a pique, num misto de prazer e agonia, êxtase e estupor...
A vampira envolve sua presa com a armadilha do amor,
Depois se lambuza de sangue pois infernal é sua fome!

sexta-feira, 5 de junho de 2015

EXTREMOS, por Tádzio Nanan

Oscilo entre o desespero e a esperança
Pelo amor e pela morte ferozmente disputado
Não tenho par definido nesta dança
Nem script que prediga o resultado...

Oscilo entre a atitude e a resignação
Em um exasperador movimento pendular
Atado ao seio desta contradição
Que não me faz ir nem me faz ficar...

Oscilo entre o sonho e a realidade
Oscilo entre a sensatez e a paixão
Oscilo entre a presença e a saudade
Oscilo entre o olvido e a ambição...

Oscilo entre o desejo e a sabedoria
Mas amiúde os momentos confundo
E acabo ficando sem paz ou alegria
Sem gozo ou entendimento profundo...

Oscilo entre a ideologia e o niilismo
Metade do tempo, creio; noutra metade, duvido
Esta fissura é meu particular cataclismo
Que me alucina, mas que não afasto ou divido...

Oscilo entre Deus e o acaso
Oscilo entre a humanidade e a solitude
Oscilo entre o profundo e o raso
Oscilo entre a arte e o ataúde...

Oscilo entre a treva e a luz
No espelho, vejo eu e meu oposto
Vejo aquele que morreu na cruz
E a sombra do mal em meu rosto...
 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

ARMISTÍCIO, por Tádzio Nanan

Enfim, eu e a vida assinamos o tão esperado armistício, após décadas de visceral estranhamento, de incompreensão e ressentimentos recíprocos. Agora, seguimos na mesma direção (até uma nova encruzilhada fazer com que optemos, outra vez, por caminhos diversos...). Ambos nos transformamos, evoluímos, aprendemos a ceder para saudavelmente conviver, mas sempre mantendo nossas identidades profundas. Restabelecida a parceria, caminhamos nesta promissora estrada rumo ao futuro. Agora a vida é uma força benigna, que me impele adiante. Eu também me tornei uma força benigna na vida, e cultivo a generosidade com ações e palavras.
Antes, eu e a vida estivemos, quase sempre, em desacordo. Eu era arrogante, vaidoso, imaturo; ela era exígua, mesquinha, cruel. Tentávamos nos impor, nos sobrepor um ao outro. Eu não a compreendia bem, esperava dela coisas que ela não me podia oferecer; ela alimentava preconceitos e desconfianças em relação a mim, injustamente. Isto ocorreu porque temos convicções fortemente arraigadas, e muitas delas não se coadunam, na verdade, se chocam, irradiando energia potencialmente devastadora, energia esta que eu soube inteligentemente canalizar para fins profícuos e benfazejos.
Vivenciando tanto tempo este conflito acabei aprendendo algo importante, embora contraintuitivo: nem sempre estar em oposição à vida significa murchar ou padecer. Às vezes, ocorre o inverso: nesse embate existencial entre a personalidade de um e a realidade de todos, mergulhamos mais fundo em nós mesmos para descobrirmos quem realmente somos, o que realmente queremos, o quanto podemos; rompemos com estruturas petrificadas, superamos pensamentos antiquados; inconformados, imaginamos novas formas de estar no mundo;  acostumamo-nos à condições de vida mais austeras; tornamo-nos mais sensíveis às revoluções que acontecem em nosso íntimo e àquelas que acontecem ao nosso redor. Foi quando estive em oposição à vida que me inventei os sonhos mais lindos e sempre em oposição à vida os mimei e alimentei para agora os ver frutificar, cheios de glória.
Às vezes, estar em demasiada sintonia com a vida, receber suas bênçãos e afagos, pode nos desviar do caminho almejado, corromper nossos ideais, amolecer nossos músculos, enfraquecer nosso caráter, pode fazer com que fiquemos satisfeitos demais, sossegados demais, apaziguados demais, quando o assombro, a dúvida, o desassossego são peças fundamentais para a tarefa de produzirmos nossa história tal como realmente a queremos (e é fundamental que o façamos)!


domingo, 10 de maio de 2015

CALMARIA, por Tádzio Nanan

Inesperada -e bem-vinda- calmaria...
Já quase esqueço das tempestades que me fizeram companhia anos a fio e alimentaram cotidianamente meu desassossego.
Estranhas sensações florescem em mim agora:  apaziguamento, entendimento, satisfação! Eu que tenho vivido limitado às ruínas de um conflito emocional que semeou confusão e perplexidade em minha vida.
Súbito, as tormentosas vagas da dúvida desembocam num plácido lago, e minha alma se serena. Antigas feridas cicatrizam. Longevas dores são aposentadas. Meus pensamentos amanhecem, iluminam-se. Meus olhos voltam a mirar o céu, esperançosamente.
É uma paz selada entre minhas facções. Aquele embate íntimo perde sentido, é esvaziado em suas causas, não encontra mais razão de existir. Como se finalmente eu me conquistasse por inteiro, fincasse bandeira em cada parte do meu ser, dominasse meus demônios, expulsasse para longe os odiosos exércitos da minha metade negra, do meu anjo contrário.
As fantasmagóricas sombras do passado não me amedrontam mais. Pus o passado no limbo da memória, enterrei-o em auspiciosa e festiva cerimônia. Agora só cultivo as boas lembranças, que me impelem ao futuro. Por muito tempo o passado regeu minha existência, me torturou, me prolongou as noites, mas agora ele não me alcança, o que o fez definhar, pois não se nutre mais da minha alma, da minha carne, do meu sangue.
Devido a esta revolução pessoal (o advento da supracitada calmaria), não me reconheço mais nas palavras dantes escritas, ou nos sonhos de outrora. Aquela personagem desapareceu na cinza das horas, submergiu no mar do tempo, perdeu-se na insignificância das coisas superadas. Tornei-me outro, renasci. Transfiguração repentina mas profunda. Irreversível?
Agora, o mundo se revela -encantador e instigante- ante meus olhos... Quantas formas, cores, sons, caminhos, possibilidades! Ele sempre esteve lá, mas as brumas da dor e do medo o escondiam de mim -e pensar que quase me resignei, quase o renunciei! 

Beleza insuperável: o despertar de longa, exaustiva e invernal ausência...

domingo, 8 de março de 2015

BREVE E SINGELA HOMENAGEM NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, por Tádzio Nanan

Mulher, persevera na luta que teu sonho ainda vai se tornar realidade: vais poder aprender e amar, ser e estar no mundo com liberdade! 

Persevera na luta que tua luz ainda vai brilhar de forma intensa e incontida. E ela nos servirá de norte na caminhada da vida!

Mulher, tua sensibilidade vai pavimentar a estrada do nosso porvir. E com teu digno exemplo também os homens aprenderão a servir!

Tua coragem é para nossas almas alimento vital. E, juntos, combateremos a odiosa e nefasta influência do mal!

Mulher, tua sabedoria ainda vai governar a humanidade e espargir luz em todo canto. E um mundo mais feminino é lar repleto de equidade e encanto!

Mulher, feita de amor, pelo amor, para o amor. Ajudarás a sanar nossas chagas. E nunca mais nos afogaremos em tenebrosas vagas!

Teus passos nos mostrarão o caminho para uma nova história, dias de mais justiça e amor. Os homens de bem te saúdam e caminham a teu lado rumo a tempos de invividas glória e esplendor!



domingo, 1 de março de 2015

NATUREZA, por Tádzio Nanan

Minha natureza criativa
As coisas redefinindo
Tudo é devir, nada é findo
Assim, permanece viva

Minha natureza curiosa
Quer mistérios desvendar
Quer a profundidade do mar
Para descansar orgulhosa

Minha natureza poética
Busca beleza e harmonia
Transforma a dor em alegria
Segundo sua norma estética

Minha natureza sonhadora 
Quer mudar tudo sem fazer nada
Ainda acredita em contos de fada
Está em missão civilizadora

Minha natureza resiliente
Se é traída, perdoa; se cai, não quebra
É fluida como água e dura como pedra
É polimórfica e renitente

Minha natureza contraditória
Faz, desfaz; diz, desdiz
É venturosa e infeliz
Refém da confusão sensória

Minha natureza contemplativa
Considera mas não age
Não se levanta ou reage
Recolhe-se a si, meditativa

Minha natureza crepuscular
Anoitecendo precocemente
Esclerosada e demente
Sem combater ou amar

Minha natureza descansada
Está satisfeita com o que tem
Haveres? Pode viver sem
Sua meta é ficar sossegada

Minha natureza outonal
Caindo de cima das horas
Esperando por ti que demoras
Presa a uma existência banal




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

PALAVRA, por Tádzio Nanan


A palavra planta sentimentos:
Amores, ódios, esperanças, desilusões...
A vasta gama das nossas emoções
A palavra espalha pelos ventos!

A palavra é cheia de ambiguidade,
Pois dúbio o coração que a produz.
Espalha trevas, espalha luz,
Canta o ódio, canta a saudade!

A palavra: do homem a tradução cabal.
Revela todo nosso drama, toda nossa glória;
O que há de hediondo e sublime em nossa história;
Revela um ser dividido entre o bem e o mal!

A palavra pode revelar-se força maldita
E em nossos corações sombras espalhar.
Pode neles semear mil razões para odiar,
Enchendo nossas vidas de desdita!

A palavra tem o poder de produzir a morte
Quando alia-se às trevas, ao sórdido, ao odioso.
Pode corromper tudo o que for virtuoso,
A serviço dos que tem o ódio como norte!

Mas também enche o mundo de felicidade.
Alimenta, salva, resgata, ressuscita.
A feitos magnânimos nos incita,
Como o sonho da universal fraternidade!

Mas também enche o mundo de beleza.
É primavera que nos colore a alma,
É carinho no coração que nos acalma,
É a luz da razão em nós acesa!

Tu, emissor de significados, cuida da palavra.
Escolhe-a com generosidade, com zelo e amor.
Não faz uso dela quando refém do rancor.
Torna a paz o doce fruto da tua lavra!


domingo, 22 de fevereiro de 2015

OXÍMOROS III, por Tádzio Nanan

abcdef_g_hijklmnopqrstuvwxyz
abcd_e_fghijklmnopqrstuvwxyz
abcdefghijklm_n_opqrstuvwxyz
abcdefgh_i_jklmnopqrstuvwxyz
abcdefghijklmn_o_pqrstuvwxyz

abcdefgh_i_jklmnopqrstuvwxyz
abc_d_efghijklmnopqrstuvwxyz
abcdefgh_i_jklmnopqrstuvwxyz
abcdefghijklmn_o_pqrstuvwxyz
abcdefghijklmnopqrs_t_uvwxyz
_a_bcdefghijklmnopqrstuvwxyz

*

t_uvwxyzabcdefghijklmnopqrs
i_jklmnopqrstuvwxyzabcdefgh
m_nopqrstuvwxyzabcdefghijkl
i_jklmnopqrstuvwxyzabcdefgh
d_efghijklmnopqrstuvwxyzabc
o_pqrstuvwxyzabcdefghijklmn

e_fghijklmnopqrstuvwxyzabcd
s_tuvwxyzabcdefghijklmnopqr
p_qrstuvwxyzabcdefghijklmno
a_bcdefghijklmnopqrstuvwxyz
l_mnopqrstuvwxyzabcdefghijk
h_ijklmnopqrstuvwxyzabcdefg
a_bcdefghijklmnopqrstuvwxyz
f_ghijklmnopqrstuvwxyzabcde
a_bcdefghijklmnopqrstuvwxyz
t_uvwxyzabcdefghijklmnopqrs
o_pqrstuvwxyzabcdefghijklmn
s_tuvwxyzabcdefghijklmnopqr
o_pqrstuvwxyzabcdefghijklmn

sábado, 21 de fevereiro de 2015

OXÍMOROS II, por Tádzio Nanan

A
                                               A
DA
                                             ZA
NDA
                                           EZA
ONDA
                                         LEZA
IONDA
                                        ELEZA
DIONDA
                                       BELEZA
EDIONDA
HEDIONDA
HEDIONDA                   BELEZA

*

O
                                                     L
TO
                                                   EL
NTO
                                                 VEL
ENTO
                                                ÍVEL
MENTO
                                              ZÍVEL
IMENTO
                                            AZÍVEL
RIMENTO
                                          RAZÍVEL
FRIMENTO
                                        PRAZÍVEL
OFRIMENTO
                                     APRAZÍVEL
SOFRIMENTO

SOFRIMENTO             APRAZÍVEL

MEDITAÇÃO, por Tádzio Nanan

O homem caindo vertiginosamente no abismo das próprias contradições.
Ódios e desigualdades a nos tornar dessemelhantes.
Olhamos uns para os outros e ficamos perplexos: o que será isto? De onde será que isto veio? O que será que isto quer?
Olhamo-nos no espelho e sequer nos reconhecemos mais, tão apartados que estamos da nossa forma essencial, tão deformados que estamos pela doentia ideologia da civilização do poder e do dinheiro.
Nossos medos e frustrações nos afastam mais e mais uns dos outros. Nossa raiva e ignorância nos separam mais e mais uns dos outros. E de tão separados é como se vivêssemos em mundos diferentes, ou mesmo opostos.
A religião, a economia, a política deveriam nos unir, mas só nos dividem. E precisamos delas para resolver nossos problemas comuns. Mas talvez tenhamos de reformulá-las, fazê-las funcionar de uma outra maneira, mais racional, democrática, transparente e ética.
A tecnologia, válvula de escape hodierna, é o parque de diversão de um homem egocêntrico e alienado, vidrado em algo que é parte insignificante, enquanto esquece o todo complexo e fundamental.
O que pode o gesto contra tiros e explosões?
O que pode a palavra entre surdos e brutos?
O que pode a delicadeza na civilização da força?
Não podemos concertar sem antes consertar nossas mentes e corações, nossas ideias e ideais, nossas democracias e economias.
Em meio ao caos instalado, o refúgio mais frequente é orar a um deus idiota ou comprar compulsivamente, desavergonhadamente (aqueles que podem), mas isto nada resolve. Nem para os que se dedicam a tal falaciosa tarefa, nem para o restante de nós.
Então é isso o que nos tornamos: covardes tentando nos esconder enquanto a noite se alastra e cai sobre a Terra?
Tudo está contra nós: a economia (o 1% mais rico já possui mais da metade da riqueza do mundo); a política (corrompida em sua relação espúria com o poder econômico); o clima (dois graus, ou mais, de aumento da temperatura média da Terra).
A ação é urgente, pois o homem chora, mortalmente ferido (refém de uma guerra fratricida).
Aonde isto vai parar? No agora. Paralisa, impotência, desespero, o caos no qual estamos submergidos.
Será que você começa a perceber que o modelo de civilização que criamos não atende à paz, à justiça, à sustentabilidade, à comunhão universal?
Será que você começa a perceber que é preciso sonhar com mais, ir além do que já foi feito e pensado?
A utopia talvez não existe, já a distopia... Dê uma olhada a sua volta: ela é coletiva, universal! Precisava ser desta forma? Não! Tenho certeza que existem outros caminhos a trilhar. Mas é preciso ter coragem.
Hora de reflexão e silêncio!


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

OXÍMOROS, por Tádzio Nanan

TPEARCRIOFRIISSTTAA
TEARCRIOFRIISSTTAA
P
TERCRIOFRIISSTTAA
PA
TERRIOFRIISSTTAA
PAC
TERROFRIISSTTAA
PACI
TERRORIISSTTAA
PACIF
TERRORISSTTAA
PACIFI
TERRORISTTAA
PACIFIS
TERRORISTAA
PACIFIST
TERRORISTA
PACIFISTA

*

EDXETMROECMRIASTTAA
EXETMROECMRIASTTAA
D
EXTMROECMRIASTTAA
DE
EXTROECMRIASTTAA
DEM
EXTRECMRIASTTAA
DEMO
EXTREMRIASTTAA
DEMOC
EXTREMIASTTAA
DEMOCR
EXTREMISTTAA
DEMOCRA
EXTREMISTAA
DEMOCRAT
EXTREMISTA
DEMOCRATA

domingo, 15 de fevereiro de 2015

RELAÇÃO, por Tádzio Nanan


Encher-te-ei de ósculos
Pois tua a alma atrás destes óculos

Encher-te-ei de abraços
E só seguirei teus passos

Encher-te-ei de calor
Com a sede do meu amor

Encher-te-ei de poesia
No raiar de outro dia

Encher-te-ei de luz
E nem lembrarás da cruz

Encher-te-ei o coração
No altar da adoração

E...

Matar-te-ei de tédio
Com a constância do meu assédio

Matar-te-ei de pena
Ao aprontar uma cena

Matar-te-ei de loucura
Ao te deixar insegura

Matar-te-ei de medo
Ao te tornar meu brinquedo

Matar-te-ei de dor
Quando descobrires quem sou

Matar-te-ei de drama
Quando eu deitar noutra cama!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

EU NO MUNDO, O MUNDO EM MIM, por Tádzio Nanan

1)EU NO MUNDO

Reflito sobre eu no mundo
Entre nós abismo se abriu
Um distanciamento profundo,
Irreversível nos atingiu

Solitária é minha jornada
Sem glória, sem arrebatamento
Às vezes, os dias não trazem nada
Só mais um pouco de esquecimento

Silenciosamente, cumpro minha sorte
Nada ouço (nada me dizem!), nada digo
Todo esse silêncio se parece com a morte
No entanto, sublimando a dor, prossigo

Medrosamente pelo mundo passo
Sem alçar voo, sem acreditar no sonho
Tudo o que queria fazer, não faço
E de tempo já nem disponho
(...)

*

2)O MUNDO EM MIM

Reflito sobre o mundo em mim
Meu motivo, minha paixão
Toda manhã digo-lhe sim
E entrego-lhe meu coração

Seus fatos repercutem em minha mente
Cataclismos de ódio, vendavais de amor
Arde em mim o que cada homem sente
Gargalho sua alegria, pranteio sua dor

Arrebata-me a alma sua deslumbrante beleza
É tanta ousadia, inteligência, imaginação
É tanta luz concentrada, tanta delicadeza
Esteja na natureza ou na civilização

Sua complexidade me entontece
Mas persistentemente tento decifrá-lo
Vejo e ouço tudo o que nele acontece
E nem por um instante deixo de amá-lo!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A VIAJANTE - DEDICADO A CAROLINA NANAN, por Tádzio Nanan


A viajante irradia luz como a capital francesa
A todos encanta com sua sabedoria e beleza

A viajante é cosmopolita como a capital teutônica
Versada em filosofia e línguas, é uma figura icônica

A viajante tem a perenidade da histórica Roma
É eterna em nossos corações, a quem a gente mais ama

A viajante é altiva como a mediterrânea capital catalã
Pois conhece seus méritos, a briosa Ana Carolina Nanan

Traz em si todo o charme e sabedoria do velho mundo
Como ele, possui ideais e sentimentos profundos

Ela pertence àquelas praças, museus, àquela efervescente atmosfera
E eles também sempre estiveram destinados a ela

Ela pertence àquela magia, ao sonho de união na diversidade
E enquanto ela viaja na história ficamos cá chorando a saudade

A viajante já é parte da paisagem europeia, poética e erudita (assim como ela)
E com seu sorriso torna a paisagem de lá ainda mais bonita!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

ANEDOTA NIILISTA, por Tádzio Nanan

Andava procurando desesperadamente pela Verdade quando me deparei com Deus. Aceitei-O sem questionamentos, tomei-O como a um remédio. Fui feliz neste casamento imaginário até me dar conta de que a Verdade não poderia ser algo tão opaco, silente, incognoscível. A Verdade tem de ser reluzente como um dia ensolarado, barulhenta como as cidades, autoexplicativa como um beijo na boca.
Então recomecei minha busca. Desta vez, deparei-me com a ciência. Mas a Verdade não poderia ser algo tão evanescente, fugaz. Sem falar que a ciência explica mas não traduz, trata dos comos mas não dos porquês. Fica faltando o sentido das coisas, que é o que nos interessa emocionalmente falando.
Uma nova busca, um novo achado: a filosofia. Não... Hermética e pretensiosa!
E quanto à beleza? Mesquinha, competitiva, superficial...
E quanto ao amor? Alienado, egoísta, tendencioso...
O bem? A Verdade não poderia ser algo que não é comum a todos os homens.
O real, a realidade? Algo que cada um interpreta de uma forma peculiar e sempre diferente não pode ser a Verdade...
Então a sabedoria deve ser! Mas a sabedoria despreza erros e desejos, ignorando que eles são a força motriz da existência humana...
Até que intui que a Verdade (com V maiúsculo) não existe. Palavrinha de sentido nebuloso cuja missão é transtornar nossa inteligência, torturar nossas emoções. Vetusta ideia espalhando confusão e desentendimentos entre os humanos, já tão propensos a elas.
Desde então, muito me interessam as verdades com v minúsculo, as pequenas verdades, como, por exemplo, as deliciosas mentiras que perpetramos uns contra os outros cotidianamente (tão bem contadas que, às vezes, nós mesmos acreditamos nelas!)...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

DO NOT GO THERE... OR GO!, por Tádzio Nanan

I strongly believe in my ideals, but, darling, my ideals are skepticism, addiction and sin. In other words, I strongly  believe in disobedience!

I strongly believe in my feelings, but, darling, my feelings are wild and dangerous. In other words, I strongly believe in chaos!

I strongly believe in my heart, but, darling, my heart is promiscuous and unfaithful. In other words, I strongly believe in licentiousness!

I strongly  believe in my mind, but, darling, my mind creates the truths I believe. Forget me! Try an ordinary guy!

I strongly believe in my soul, but, darling, my soul is very deep and you do not  have wings to a soft landing! So take my advice: do not go there, you can lose yourself on this journey!

You better believe me... Or not!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

MELHORES FILMES VISTOS EM 2014, por Tádzio Nanan

De olhos bem fechados
O grande Gatsby
A caça
Antes da meia-noite
As sessões
Coisa mais linda – histórias e casos da Bossa Nova
Thor – mundo sombrio
É o fim
Gravidade
O lado bom da vida
Um tiro na noite
Repulsa ao sexo
Acossado
Terra em transe
O dragão da maldade contra o santo guerreiro
Veludo azul
Azul é a cor mais quente
O capital
Rush – no limite da emoção
Ninfomaníaca I e II
O lobo de Wall Street
Vidas amargas
Juventude transviada
Assim caminha a humanidade
Jovem e bela
Capitão Phillips
Blue Jasmine
12 anos de escravidão
Clube de compras Dallas
Invocação do mal
Ela
Trapaça
Álbum de família
Até o fim
Sob a pele
O lobo atrás da porta
O grande hotel Budapeste
Tim Maia
Balada de um homem comum
A história oficial
Noites de Cabíria
Z
A grande beleza
Garota exemplar