sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DIALÉTICA DO AUTO-ESCLARECIMENTO



Debato-me
Numa dialética desvairada
Caminho a esmo para ver se caminhando
Meus pés me indicam a estrada
Que dará em mim mesmo
Quando enfim me tenha
Como morada

Abalo as estruturas do meu pensamento
Rego as antíteses, colho as contradições
E num turbilhão caótico de experimentos
Acho a Verdade em preces e orações
Que Deus é tudo
É mudo
Mas fala aos corações

Repercutem em mim vozes conflitantes
Sobre as grandes questões civilizatórias
Ah, saudades daquele juvenil estupor
Daquelas simplórias certezas de antes
Quando não ouvia o clamor
Dos esquecidos
Nem conhecia
Toda a falaciosa ideologia
Dos bem-nascidos

E meus sentimentos
Numa espiral malsã
Deserdados sem coração que os entenda
Exilados, sem ontem, hoje, amanhã
Contraponho-os, numa acareação ilusória
Donde extraio só mais confusão sensória
Com eles componho
Os infaustos poemas
Que a vida vai me ajudando a tecer
Sequioso pelo momento de alvorecer



Tádzio Nanan

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