domingo, 25 de outubro de 2009

DOIS POEMAS RELIGIOSOS

B U S C A

Busco-me em minas profundas
A ver se me descubro tesouro
Potes transluzindo ouro e diamantes
Para ver se lá no fundo me encontro
Maior e melhor, como nunca dantes

Senhor de minhas faculdades
Reerga-me com a força de gigantes,
Rebentando o grilhão dos medos e das saudades

Na escuridão dessas minas
Paradoxalmente possa ver-me melhor
E descobrir o herói, o guerreiro, o artista
Que porventura em mim existam
Quase asfixiados
Na inércia dos acanhados

Medito para ver se me materializo num santuário
Onde os sonhos vêm trazer oferendas
Para forças imortais cheias de plenitudes

Também mergulho-me nos meus oceanos
Para ver se descubro pérolas de antigos naufrágios
Jóias esquecidas em longos anos de afogamento

Essa busca, não sei bem aonde dará
Mas a recompensa de caminhar não são os passos dados,
Onde quer que os pés descansem, no fim da longa jornada?

Mas intuo: essa busca há de me revelar a mim
Para que descanse nos braços da quietude, enfim
Essa busca há de me revelar Deus, também.
Que é tudo a que tenho ansiado. Amém!



O PONTO DEUS

À noite, as vastidões do nada me aterram!
Tenho estado de Deus uma vida inteira ausente...
Ajuda-me Senhor a desvendar o tudo no nada presente:
Quero vislumbrar o espaço infinito no átomo
Quero sentir a eternidade nas asas do átimo
Quero ver e sentir muito mais, muito além
Do que se vê e sente

Os abismos incomensuráveis da matéria é fera
Que enregela as fibras do meu coração
Sei agora - sabemos todos:
Nossa mente para crer fora forjada
Por um martelo e uma bigorna divina
Porque só assim faz sentido e suporta-se
Esta brevíssima e agônica jornada

Sou um falso profeta da matéria
Do frio silêncio universal...
Tudo mentira banal!
Sou um falso crente do acaso e da probabilidade
Porque em tudo agora vejo um sentido e uma verdade



Tádzio Nanan

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