segunda-feira, 13 de julho de 2009

AMANHECER DE ESPERANÇA E... MEDO!

A esperança e o medo constituirão a inescapável bipolaridade do nosso cotidiano nos próximos anos: a esperança da solidariedade, do diálogo, do entendimento, onde as partes cedem um pouco para todos ganharem muito; o medo de um novo rufar dos tambores anunciando mais barbárie, mais tragédia e genocídio. A cada raiar do sol, os povos do mundo estarão atentos já não no discurso, mas nas ações do eloqüente mestiço comandante-em-chefe da nação mais poderosa do mundo. Conseguirá ele, o novo líder, controlar uma máquina cuja finalidade é a guerra? Conseguirá o prometido diálogo, a prometida mudança? Ou o diálogo dar-se-á apenas entre os ricos e poderosos e a mudança será meramente epidérmica? Ele, que pregou a palavra, espalhou-a aos quatro ventos, fazendo-a brotar nos corações do mundo, sentará de fato à mesa com o oponente, sem preconceitos e pré-condições, para entendê-lo, pôr-se em seu lugar e, se necessário, ceder, porque a força não está em impor ao diferente, tornando-o igual, mas compor com a diferença, fazendo surgir o novo. Ouvirá, argumentará livre do ódio irracional, da ideologia arcaica, do preconceito obscurantista? Ou corromper-se-á pelas senis e hediondas regras de um senil e hediondo jogo? Deixar-se-á levar pelo establishment, pelo “status quo” que acaba por tornar-se uma maligna segunda pele? Um mestiço, vítima do preconceito, vencê-lo-á? Calará a ruidosa voz do medo, em si, nos seus, medo inimigo mortal dos sonhos, do sonho do mundo: a paz! Este mestiço, abençoado no nome, será a palavra, será o caminho? O ansiado fim de uma era beligerante: a civilização dos lucros antiéticos, calcados na dor e na morte; dos burocratas e plutocratas sujos de sangue; das mentiras governamentais declaradas nas assembléias do mundo; da super-exploração dos recursos da Terra; da bestial ganância capitalista levada ao paroxismo na guerra - força cega, surda e muda aos legítimos e vitais anseios e necessidades humanos; do conservadorismo intolerante, medieval; do isolacionismo etnocentrista. Este mestiço conseguirá refundar a grande nação do norte, recuperando os ideais dos pais-fundadores, ou incorrerá em erro, como outros falsos-profetas, paladinos da guerra, que tentaram moldar o mundo à sua imagem e semelhança, num ato de vaidade, soberba e arrogância? Tentará fincar sua bandeira em terras alheias, pisará sobre povos e culturas? Ou relegará à lixeira da História o paradigma unipolar de um império em relativo declínio, construindo o entendimento entre os povos, o futuro comum dos homens na Terra? Fará ver a todo o povo que o sustentáculo de uma nação não é seu ímpeto belicista ou seus arroubos consumistas, mas a grandeza de suas idéias e a coerência de suas decisões? Este mestiço será o caminho para o futuro, o verdadeiro umbral do século XXI, de novidades alvissareiras, de convergências e alinhamentos, de cooperação e inclusão, de governança global e multilateralismo? Denunciará o perverso fetichismo das armas e as proposições falsas, cínicas, corruptas do complexo industrial-militar? Soerguerá a Política, entendida como a promotora do bem-comum? Denunciará a fome (em meio ao consumo conspícuo, um bilhão de pessoas não tem o que comer), a miséria, o aquecimento global, assumindo uma postura de liderança e pró-atividade? Este mestiço será a mão a desenhar o esboço de um novo mundo que contemple as mudanças radicais de que precisamos? Um novo presidente, um novo século, uma nova história? Vem a dúvida: quanto pode um homem? Se realmente quer, pode muito. Mas emerge uma certeza: quanto podemos nós, humanidade? Juntos podemos tudo!


Tádzio Nanan

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