Tantos heróis e heroínas anônimos
Sem máscaras, rostos limpos, límpidos
Poderes só de gente comum
Tecendo suas obras
Num silêncio humilde
Homens e mulheres consagrados
Às grandes esperanças coletivas:
Paz, amor ao próximo, justiça, compaixão, verdade, perdão
E às pequenas causas cotidianas:
Amar e cuidar dos seus, cuidar de tudo que é vivo, honrar a Deus, fazer o bem
Tantos Cristos anônimos
Cruz sobre as espaldas
Numa Via Dolorosa que poucos vêem ou fingem não ver
Ninguém lhes estende a mão quando caem
Mas eles se erguem sozinhos
Ungidos por Deus com fé inelutável e translúcida
Seus calvários em nobre silêncio suportam
E se choram, choram por que é de verdade e é justo
Choram para depurar o corpo e a mente de todo mal
Estes heróis e heroínas cotidianos, Cordeiros de Deus,
Paladinos da Humanidade, são o Sal da Terra
Esperança de outro porvir, cuja semente está lá plantada no coração de cada um: regue-a, convide-a a desenvolver-se
Enquanto estes homens e mulheres permanecerem alheios ao Mal que nos obsidia e confunde, intemeratos entre transviados, intimoratos entre cobardes, corações e almas plenos em meio ao esvaziamento do Espírito
Enquanto estes homens e mulheres estiverem espargindo primaveras em pleno outono, pincelando auroras quando a noite é alta, semeando virtudes em terrenos áridos, socorrendo mesmo o imigo, oferecendo sua face, seu lar, seu pão e vinho
Eu vou continuar sonhando
Sonhando que outro mundo é possível
Tádzio Nanan
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