terça-feira, 22 de novembro de 2011

BRASIL, A VERDADE TE LIBERTARÁ!

Sobre o Brasil, algumas novas reflexões.
O vexatório paradoxo brasileiro, a pungente contradição brasileira:

1)O Brasil é um dos países mais ricos do mundo (neste momento, a sexta maior economia do mundo), mas uma parte considerável do seu povo é miserável e pobre (não só pelo critério de renda, mas pela falta de acesso a coisas fundamentais à vida como: moradia, saneamento básico, segurança pública, educação, saúde, justiça, cultura, e inclusive emprego formal (isto é o que se chama de pobreza multidimensional; boa parte da população brasileira é multidimensionalmente pobre!);

2)O Brasil até que produz ciência em boa quantidade e de boa qualidade (possivelmente estamos entre os quinze maiores produtores de ciência do mundo), mas nossa educação pública é uma das piores classificadas nos exames internacionais em ciências, leitura e matemática promovidos pelo PISA (educação boa é para os filhos dos ricos, da elite; filho de pobre não merece ser educado; assim, tragicamente, nunca se instaura a verdadeira meritocracia: quando a sociedade pode “colher” os mais talentosos, independentemente de onde venham);

3)O Brasil tem enorme extensão territorial, mas boa parte da população rural do país não tem terra para cultivar, porque a tão fundamental reforma agrária nunca foi efetivamente realizada neste país (quem nunca ouviu falar da luta histórica do MST?) Por isso, boa parcela da nossa miséria e pobreza ocorrem nas zonas rurais. Terra, no Brasil, só para o agronegócio!

4)O Brasil é um país alegre e festivo (ou, pelo menos, aparenta ser) – o país do samba, do futebol, do carnaval - mas, contraditoriamente, seu povo tem práticas de convivência violentas, preconceituosas e corruptas (cuidado com o “jeitinho brasileiro”: serve ao bem se for expressão da nossa criatividade, mas serve ao mal se for expressão da nossa “esperteza”), ou seja, possuímos uma moral ambígua. Claro que isso não é uma inevitabilidade da má genética tupiniquim. Significa, isto sim, que nosso passado é baseado em péssimos “valores” – escravagismo, preconceito e violência veladas, patrimonialismo, corrupção, e que nossa educação formal e familiar vai muito mal se o objetivo é formar cidadãos. Sem mencionar a impunidade, que é praticamente generalizada (menos para os pobres, pretos e pardos) e que oferece um nefasto incentivo e uma péssima sinalização aos nossos comportamentos privados e públicos;

5)O Brasil é o “país do futuro”, mas seu povo vive agrilhoado a um doloroso e nefasto passado. Repitamos: escravidão; violência; passividade política; elites política, intelectual e econômica com péssimas qualidades morais; desigualdade sócio-econômica praticamente imutável; patrimonialismo; nepotismo; coronelismo; corrupção epidêmica; impunidade, etc;

6)O Brasil é possivelmente o maior país católico do mundo (em termos do número de adeptos a esta crença), mas aqui ninguém parece ter ouvido falar das Tábuas da Lei, do Não Matarás e do Não Roubarás (furtarás). Isto é prova da nossa hipocrisia, ou pelo menos da completa ineficácia do discurso moral-religioso como forma de salvar a humanidade;

7)A psique do brasileiro sofre de um mal estranho: a culpabilização do outro e a idealização de si mesmo. Eu sou moral, o meu vizinho é imoral; eu sou probo, o meu vizinho é ímprobo; eu não tenho falhas e culpas, meu vizinho as têm; o país está assim por causa da passividade do meu vizinho, já eu faço tudo o que posso e um pouco mais (é um terrível auto-engano: as pessoas tem de admitir a si mesmas serem menos perfeitas do que supõem; é preciso admitir que se está errado e que se erra para termos a chance efetiva de reparar o erro e não repeti-lo mais).

Acho que posso dizer tudo isso, por desagradável que seja, porque não quero o voto de ninguém, nem os aplausos, ou fazer palestras e vender livros, auferindo lucros generosos, apenas quero contribuir para o debate público nacional, e contribuir assim para que este país, um dia, possa efetivamente ser a grande nação que tem o potencial para ser, com um povo produtivo, feliz e pacífico, vivendo em justiça, comunhão e igualdade (coisas bem distantes do que temos hoje)!





Tádzio Nanan

Nenhum comentário: