domingo, 28 de outubro de 2012

AS ILUMINAÇÕES - Tádzio Nanan

A justificação moral-ideológica do capitalismo é simples: ele se proclama, e há uma boa chance de isto ser verdadeiro, o melhor sistema sócioeconômico para alocar recursos escassos e produzir riqueza material e desenvolvimento tecnológico. Mas é razoável e plenamente possível pensarmos num sistema sócioeconômico alternativo, onde os aspectos econômicos sejam menos preponderantes que os demais aspectos da vida. Numa outra forma de organizarmos a vida social e econômica humana poderíamos até ser menos ricos, ter menos escolhas de consumo, e talvez até mesmo um desenvolvimento científico e tecnológico mais lento (argumento este que considero questionável), mas seríamos todos mais saudáveis, mais pacíficos e “pacificados”, mais plenos e felizes, dando valor ao que realmente tem importância na vida: nossa relação conosco mesmo, com os outros e com a divindade imanente.
É possível que a propriedade privada seja melhor alocadora de recursos que a propriedade coletiva? É possível. É possível que a ausência do mecanismo de mercado e do sistema de preços resulte em certa ineficiência econômica (alocação não-ótima de recursos)? É possível. É possível que a ausência do instituto do lucro monetário dificulte a geração de inovações tecnológicas? É possível. Mas talvez este seja o preço a pagar por escolher uma civilização onde o progresso tecnológico não se transforme em desemprego (desemprego estrutural), mas em tempo livre; onde o trabalho e o consumo são atividades conscientes, não alienadas e predatórias; onde a individualidade cresce enquanto o individualismo diminue; onde a ética se agiganta e o lucro monetário desvanece; onde a cooperação toma o lugar da competição patológica de todos contra todos; onde a boa natureza humana é premiada e a má, “sublimada”; onde a equidade destrona a desigualdade, a miséria, a fome; onde o pragmatismo antiético do econômico cede lugar à beleza e profundidade da filosofia e da política (esta última entendida como a arte de produzir o bem-comum); onde o excedente econômico não é apropriado por uma minoria cínica, mas dividido em prol de todos.
No fim, é uma escolha simples: aparência versus essência; trabalho & consumo versus tempo livre & relacionamentos saudáveis; vaidade, ganância e exibicionismo versus saúde, felicidade e paz!
Pense sobre isso!


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