segunda-feira, 10 de agosto de 2009

40 ANOS DO FALECIMENTO DO EMINENTE FILÓSOFO THEODOR ADORNO


Monumento em homenagem ao filósofo Theodor Adorno, em Frankfurt (objetos pessoais do filósofo)

Há poucos dias, em 06 de Agosto de 2009, completaram-se 40 anos do falecimento absolutamente imprevisto do filósofo alemão Theodor Adorno. Ainda jovem, a apenas um mês de completar 66 anos, e gozando plenamente de suas faculdades, ele deixou abruptamente esse mundo que, suponho eu, talvez tenha se tornado hostil e aterrador demais para ele.

Os prognósticos de Adorno, feitos ainda na década de 1940, que indicavam um quase irrefreável processo de transição para um capitalismo totalmente administrado, além do triunfo esmagador da coletividade sobre o sujeito e a degeneração da cultura em mero bem cultural, mostram-se atualmente dificilmente contestáveis e, certamente, suficientemente relevantes para que sua obra seja considerada ainda de grande importância para uma melhor compreensão da realidade atual, bem como para a geração de novos impulsos aos debates sobre a emancipação humana e social.

Vale ressaltar que, mesmo em seus momentos mais sombrios, Adorno se recusa a abandonar o desejo de alcançar “o inteiramente outro” (das ganz Andere) e insiste em defender a importância do pensamento crítico como “garrafas atiradas ao mar” para destinatários desconhecidos. A beleza e generosidade do seu pensamento residem, sobretudo, no fato de ele não estar fechado, não estar pronto e acabado - aliás, a necessidade constante de reformulação a fim de dar conta das transformações históricas é elemento essencial para a caracterização de toda Teoria Crítica. Como bom teórico crítico, portanto, ele nos convida insistentemente a pensar com ele, a enriquecer suas idéias, a não colaborar (nicht mitmachen) com forma alguma de submissão do pensamento, a negar e, por que não dizer, a agir. Sim, Adorno nos convida constantemente à práxis. Certamente, não a uma práxis comprometida meramente com a necessidade de se ter uma práxis qualquer, mas a uma práxis verdadeiramente envolvida com a mudança. Contra as acusações de que, ao recusar engajar-se politicamente, ele estaria tão-somente afirmando o status quo Adorno responde que, “o pensador crítico não-comprometido que não subordina sua consciência nem permite que o terror o impulsione à ação é, na verdade, aquele que não desiste”.

Que saibamos usufruir de seu rico legado e, por fim, que não desistamos.


Ana Carolina Nanan, mestranda em Filosofia/UFC

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