sexta-feira, 7 de agosto de 2009

PAIXÃO

O que é esta palavra oxítona que denota e detona reações tão díspares nos corações humanos? Poetas deleitaram-se a contemplando e reverenciando-a. Aproveitou-se de sua jugular atração e firmaram todo seu arsenal e miraram seu cipoal de palavras a explicá-la. O que eu, um reles suburbano com um curso secundário hei de somar a esta oblíqua palavra?

Emoção? Vivência? Serei somente um ser a reclamar da existência como fizeram alguns poetas? Não! Estou somente a alegrar-me de estar com este sentimento enraizado em mim, mesmo que não seja correspondido, ainda melhor, mais sofrido é que se tornam bons, vide músicas, filmes, propaganda e este lamento que vós lestes.

Não reclamo da minha falta de sorte, trato e dinheiro, os vértices que moldam o mundo, mas somente de uma pequena oportunidade de regojizar-me e sair desta história bem mais otimista e flexível. O mundo pede de você preparo? Sim! Pede de você cultura? Sim! Mas cobra-lhe dinheiro, carro zero, ascensão social e um nível cultural médio, para tratar de questões óbvias e pueris. Por que fiz este microscópico desabafo? Galantear-me-ei a dizer que eu poderia usufruir todas estas bazofias, mas o que adianta? Firmar um personagem para conquistar a sua Marília ou Beatriz, ou ser você mesmo e mostrar toda a sua vida cotidiana e tacanha?

Viver é mais complicado, dirão os bem mais prudentes realistas, mas viver não é só prática, é sonho e sonhar com o seu amor que é impossível torna sua vida ao mesmo tempo ilíadica e improvável, a paixão tem contornos sutis que o levam ao esplendor e ao regojizo temporal e pueril. Poderás chamar-me de tolo, decerto serei, mas com todo o orgulho de inclinar-me a este sentimento que me leva a sonhar e ufanar dias melhores.

Será que a palavra oxítona que me referi no primeiro parágrafo é bem correspondida em meu ser? Pelas minhas lamúrias supracitadas a reposta já está subentendida. O que nós pobres sôfregos apaixonados devemos fazer? Beber, sonhar, esperar, buscar, ligar, conectar ou somente desfrutar de uma das maiores sensações que o seu íntimo pode aspirar.

Palavra de quem sofreu: experimente a paixão e deleite-se sobre ela.


Adriano Oliveira Costa
Economista, bancário, torcedor do ceará e apaixonado eterno e não correspondido.

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