por Tádzio Nanan
sim, meus amigos
é verdade
cansei-me de mim
cansei-me de mim
irremediavelmente
também, se me permitis
cansei-me de vós
daquelas cenas banais
que representávamos
cotidiana e desafortunadamente
sim, meus amigos
cansei-me de vós
irremediavelmente
decrépita a antiga face
cegos os velhos olhos
muda a boca senil
superados os temas da remota personagem
sepulto-os num cemitério de memórias
a exaustão também chegou às vossas partes
cenas que cumpristes sempre diligentemente
e que cumpris ainda
mortificados
de quando em quando
mundo, gente, é urgente sermos outros
viver a mesma vida cansa
mudança é a constante na matemática do tempo
o que me é posto agora é renascer
glória efêmera
profundo mistério
e sentido da nossa natureza
do pó ressurjo, mitológico
avançando no curso ontológico
desse rio
*
viver cansa
decerto
deserto
mas não há o descanso eterno?!
O mundo é triste, às vezes
mas recolher-se entre quatro paredes?!
Gira o mundo
pressuroso
obsidional
redemoinho antropofágico...
mas o sonho humano é imortal
e mágico!
As pernas doem?
Entonteces?
Te agarra ao fugaz momento!
Entorna a urna de Baco!
As coisas farão sentido a seu tempo...
e se ficares sozinho
restarão as memórias
e se te derrubarem ao chão
restarão os braços de se erguer
lembras-te do resto:
"o resto é silêncio"
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