Uma pergunta vem mexendo com meus deslindados neurônios. Qual o grande ator do cinema atual? Na minha pobre ignorância de cinéfilo amador, arrisco-me a afirmar com certa convicção: Daniel Day-Lewis é o grande artesão da arte nobre de compor um personagem e dar-lhe a intensidade necessária que só um grande ator pode passar.
Uma pergunta inquieta-me, por que um vencedor de dois prêmios Oscar não é tão reconhecido pela grande massa e a grande crítica amestrada não o reverencia como faz com menos votados? Desde o início como o homossexual de Minha Adorável Lavanderia (My Beautiful Laundrette, 1985, ING) de Stephen Frears, uma história sensível de dois homossexuais com ideias diferentes de vida. Outro filme relevante é A Insustentável Leveza do Ser (Unbearable Lightnes s of Being, The, 1988, EUA) com direção de Philip Kaufman, em que Day-Lewis faz o papel do cirurgião mulherengo que se vê no meio da primavera de praga, em torno de um romance com duas mulheres interpretadas pelas estonteantes Lena Olin e Juliete Binoche. O diretor consegue explorar de forma eficiente o complexo romance de Milan Kundera.
O primeiro passo para o reconhecimento veio na estupenda e perfeccionista atuação em Meu Pé Esquerdo (My Left Foot, 1989, IRL) de Jim Sheridan, inspirada na autobiografia de Christy Brown, em que a atuação perfeita de Day-Lewis levou a Academia a reverenciá-lo com um Oscar. Ressalte-se também a grande atuação da atriz Brenda Fricker como a mãe dedicada que a levou a arrebatar o Oscar de melhor atriz coadjuvante.
No ano de 1993 Day-Lewis realizou dois filmes de relevância: A Época da Inocência (The Age of Innocence, 1993, EUA) de Martin Scorcerse e Em Nome do Pai (In The Name of the Father, 1993, IRL/ING/EUA) dirigido também por Jim Sheridan, em que narra o caso verídico conhecido como os “quatro de Guilford” uma das maiores denúncias de algumas atrocidades cometidas pelas autoridades britânicas. Por este filme Day-Lewis foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro.
Mesmo tendo anunciado uma aposentadoria precoce, Day-Lewis surpreendeu o mundo e voltou com toda a carga com duas atuações soberbas. A primeira interpretando o personagem Bill “The Butcher” Cutting em Gangues de Nova York (Gangs of New York, 2002, EUA) de Martin Scorcese, o filme dividiu a crítica e os fãs, mas uma coisa é certa a atuação de Day-Lewis segura é que dá força ao filme e principalmente no estupendo filme de Paul Thomas Anderson, Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007, EUA) que narra a saga de Daniel Plainview, um desbravador dos campos de petróleo nos rincões dos EUA. Um personagem forte em que sua ambição não tem arreios e que culminam em algumas cenas antológicas. Como a morte do falso irmão, o acidente que causou a surdez do seu filho, em que se preocupou mais com o poço de petróleo do que com o próprio filho, o batizado somente em termos de interesse na igreja do pastor charlatão, bem como a forte cena final. Por este filme Day-Lewis arrebatou os prêmios Oscar, Globo de Ouro e Bafta. Poderíamos incluir nesta lista filmes como as Bruxas de Salém e O Lutador, mas este pequeno espectro mostra a versatilidade e a genialidade que deveriam servir de suporte para qualquer ator.
Daniel Day-Lewis é o melhor ator da atualidade sem recorrer às páginas de tablóides nem escândalos sexuais, como alguns menos votados, não se utilizando de demagogias baratas como Jhonny Depp que critica o sistema hollywoodiano, mas está enfiado nele até o pescoço ou o bom-moçismo de Tom Hank e a truculência de Russel Crowe. Daniel Day-Lewis firma-se somente com o seu talento e suas atuações.
Adriano Costa
Economista, Bancário, torcedor do Ceará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário