sábado, 8 de agosto de 2009

Sugestão de filmes: a complexidade de ser PAI

Antes deste domingo, seria interessante verificar alguns filmes de primeira qualidade em DVD que abordam os distintos desafios da paternidade. Dada a sua recorrência em tantos filmes, sem dúvida há aqueles que abordam os confusos e atrapalhados sentimentos de um pai, de forma cômica ou tragicômica (“O Paizão” de 1999, “Olha só quem está falando” de 1989, Flores Partidas de 2005, O pai da noiva, o primeiro de 1950 e a refilmagem de 1991), mas também há o outro lado que é muito mais complexo, porém mais realista, que envolve responsabilidade, sofrimento e as dificuldades da convivência ou o tempo perdido pela carência dela, com os filhos.
Nesta vertente, está um dos mais desoladores filmes estrangeiros, uma verdadeira obra-prima do neo-realismo italiano de pós-guerra e, sem dúvida, um marco do cinema mundial, do diretor Vittorio de Sica: Ladrões de Bicicleta (Ladri di biciclette) de 1948. O filme trata da condição de proletariedade extrema, onde dentro desta condição ressalta-se as dificuldades financeiras e certas humilhações que um pai passa para poder oferecer o básico para sua família.
Também se encontra no topo dessa lista, um filme que expõe uma relação conturbada entre pai e filho: “Vidas Amargas” (East of Eden) de 1955. Este filme de Elia Kazan foi baseado no livro de John Steinbeck, “A Leste do Paraíso”, onde este retrata o bem e o mal, inspirado no conto bíblico de Caim e Abel. No filme, Carl, personagem de James Dean, desde a infância, luta obsessivamente pelo amor do pai.
Pulando para décadas posteriores o filme italiano “O Quarto do filho” de 2001, é um filme belo, humano e com um roteiro simples, onde o cineasta italiano Nanni Moretti realiza um drama comovente entre pai e filho ao abordar com sutileza a dor da perda, o luto.
O filme “Quando você viu seu pai pela última vez?” de 2007, tem uma narrativa próxima ao do filme anterior. Ele é uma adaptação do romance biográfico de Blake Morrison que descreve suas memórias durante o período em que se relaciona com o pai prestes a morrer. Este drama britânico narra a reaproximação entre pai e filho, de forma contida, depois de anos de distanciamento entre eles.
Existem muitos outros filmes que aqui poderiam ser abordados, como “O garoto”, de 1921, “A vida é bela”, de 1997, “Traídos pelo destino”, de 2007, Ensinando a viver, de 2007, etc.. Mas eu não poderia escrever sobre tantos filmes num mero blog, assim como ninguém poderia assisti-los todos num único Domingo, não é mesmo?...Seria uma forma diferente de emocionar um pai, deixando que as mensagens dos filmes explicitem o que nós já sentimos e sabemos: o amor e o valor que um pai tem em nossas vidas. Fecho aqui estes comentários com uma passagem do mineiro Rubem Alves, que na literatura e na poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou:

O Pai.

“Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora.Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira...Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo...”


Karol Polaca
Estilista

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