Antes, a corrente gravava na carne sua insígnia
Sabiam-se os algozes, binária a lógica do mundo
E houve até escravo idealista que, meditabundo
Sonhou e levantou-se para pôr fim a tanta ignomínia
Mas fracassou... Hoje, o grilhão também é ideal:
Com boa indumentária escravo há que se crê liberto
Não é senão autômato que representa a cada gesto
Grotescas personagens de um Espetáculo brutal
E os há ainda escravos como na Idade Antiga
A pão e circo, eterna via-crúcis de humilhações
Massa amorfa condicionada à miríade de prisões
Qual símbolo, que face representa a hoste inimiga?
Toda ideologia pulverizou-se: grito perdido no vento
E todo idealismo resume-se a um ineficaz lamento...
Tádzio Nanan
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