sexta-feira, 6 de novembro de 2009

DOIS MICRO-POEMAS

1)

Viver integralmente

A própria finitude

Viver e morrer tudo

Dentro e fora de tudo

Ser o suave e o rude



Perseguir a totalidade

Da própria incompletude

Tudo nutrir e secar

Tudo sentir e negar

Até a grande solidão

Ataúde



Morrer

Na fugaz

Eternidade

Das horas



Renascer

Na aurora

Do íntimo

Mistério



Ser mais torto e reto

Amiúde



Sonhar (-se)

Ensandecido

Esquecer (-se)

Ser esquecido




2)

Só o silêncio a ser dito

Num surdo e estático grito



Nada a viver, mas a morte

Íntimo consorte



Desflorecer a aurora

No insulamento da hora



Nada a urgir na consciência

Castrar a concupiscência



Cultuar humanos flagelos

Defenestrar ingentes anelos



Cingir-se ao deletério



Leve

Repousar

Nas asas do mistério




Tádzio Nanan

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