quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PEQUENO POEMA DE SEPARAÇÃO

Corpos que não se entregam

Olhares oblíquos ou indiferentes

Rostos lívidos de cansaço

Mãos distantes, severas; o toque é acidental

O ninho de amor está frio

Agora, só reminiscências, só saudades

A casa é um relicário de imagens:

Fantasias sepultadas, filhos proscritos

Aquelas viagens inesquecíveis nunca feitas...

No leito do amor de outrora

Silêncio tumular entrecortado

Por prantos ressentidos

E ásperos solilóquios

A vida parece arrastar-se

A hora parece arrastar-se

Antes, o tempo era regulamento conservador

Para os apetites da carne e o encontro das almas

É a dúvida, que tudo devasta como fosse procela

Que lacera como punhal

Tudo foi inutilmente?

A cama compartilhada, os sonhos compartilhados,

O riso compartilhado?

O espelho partido desfaz a vida em mil pedaços

Lá fora, o mundo é o mesmo remoinho de vidas

Entrechoque de gentes, ódio e carinho

Mas amanhã é outro dia

E tudo pode recomeçar...




Tádzio Nanan

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