Corpos que não se entregam
Olhares oblíquos ou indiferentes
Rostos lívidos de cansaço
Mãos distantes, severas; o toque é acidental
O ninho de amor está frio
Agora, só reminiscências, só saudades
A casa é um relicário de imagens:
Fantasias sepultadas, filhos proscritos
Aquelas viagens inesquecíveis nunca feitas...
No leito do amor de outrora
Silêncio tumular entrecortado
Por prantos ressentidos
E ásperos solilóquios
A vida parece arrastar-se
A hora parece arrastar-se
Antes, o tempo era regulamento conservador
Para os apetites da carne e o encontro das almas
É a dúvida, que tudo devasta como fosse procela
Que lacera como punhal
Tudo foi inutilmente?
A cama compartilhada, os sonhos compartilhados,
O riso compartilhado?
O espelho partido desfaz a vida em mil pedaços
Lá fora, o mundo é o mesmo remoinho de vidas
Entrechoque de gentes, ódio e carinho
Mas amanhã é outro dia
E tudo pode recomeçar...
Tádzio Nanan
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